quarta-feira, 25 de junho de 2014

COMO TREINAR O SEU DRAGÃO 2 - A TRANSIÇÃO DO LÚDICO AO ABSOLUTO

Ontem foi ao cinema com meu rebento e minha amada esposa, fizemos um programa família, algo que tem sido raro em minha vida, e que pretendo mudar com urgência. Fomos assistir um desenho infantil, muito interessante e que particularmente gosto muito, chama-se: Como Treinar o Seu Dragão 2. Uma aventura com uma criatura que nem existe, figura apenas na literatura mitológica dos tempos antigos, mas nos traz profundas lições. Entendo que a maioria das pessoas, talvez não possam apreciar o universo de verdades existenciais exposta no filme, não sei se a proposta do autor era realmente apresentar tais verdades, mas o creio, a partir do que pude observar. Na primeira fase da aventura, já há muito a aprender, como o uso correto dos recursos naturais, o respeito aos animais, como seres vivos, participantes do universo maior da criação,  a importância da vida em sociedades constituídas e a interdependência dos seres humanos, mas tudo fica muito oculto no desenrolar do processo lúdico.
Na segunda aventura o lúdico não desaparece totalmente, mas o absoluto - o que chamo de absoluto neste vem a ser o desnudar da realidade frente ao imaginário infantil - , ou seja, a realidade nua e crua da existência humana, passam a dar lugar a visão infanto-juvenil do antes adolescente, e agora homem Soluço, nome do personagem principal. Sua inocência pueril se confronta com a realidade da face do mal, agora representada por seu personagem antagônico Drago, que se identificou com a sua sombra  - parte negativa e obscura da personalidade humana, ver Carl Jung - trazendo a Lume o seu lado sombrio, a partir de uma experiencia negativa circunstancial da sua vida. Ele percebe com a morte do seu pai, que a vida não pode ser um conto de fadas, onde tudo dá sempre certo, onde as consequências dos atos humanos não impõem uma severa justiça àqueles que se opõe ao lógico e ao natural. Do reencontro com a mãe e a felicidade absoluta, à tristeza profunda pela morte de seu amado pai, o paradoxo da vida. Vida e morte passam a estar presente de maneira madura nesta segunda parte da aventura, como se o autor estivesse trazendo as crianças do mundo do imaginário ao mundo real, sem tirar delas a beleza do lúdico, de forma a promover um amadurecimento progressivo, através da apresentação dos processos de crescimento e conhecimentos humanos. Da figura do mitológica dos dragões e suas relações à critica das sociedade e poderes políticos Constituídos em suas relações interpessoais, preservando a inocência pueril da infância através da fábula.
Realmente um filme fantástico para divertir o público infantil e para trazer reflexão aos pais. Um excelente programa familiar.
Peço desculpas se filosofei e estraguei algo que deveria estar no imaginário, mas a muito não posso mais me privar da observação no que tange a ontologia humana e seu comportamento antropológico. De qualquer forma em diverti muito, comunguei com minha família  e ainda sim pude aprender mais com um cineminha em família. Se tiver oportunidade, assista vale a pena.

Deus abençoe a todos.

terça-feira, 24 de junho de 2014

A “BENÇÃO” DA IGNORÂNCIA

Algumas pessoas entendem que a ignorância é uma benção, talvez se analisarmos em grosso modo seja, pois quem vive na ignorância está, dentro de seu próprio pensamento isento de toda a justiça. No seu pensamento encontram-se imune à responsabilidade que é inerente daqueles que detém o conhecimento, e consequentemente estão isento da culpa. A ignorância mantém o bruto em estado de alienação da realidade, uma boa ilustração disso é o filme MATRIX, onde as pessoas são usadas como pilhas, mas vivem numa realidade irreal, mas conivente às aspirações humanas de conforto e segurança.
Mas o fato é que ainda que o ignorante esteja alienado da sua culpa, ele não deixa de existir e de condená-lo, apenas o faz um transgressor das leis morais, ou juízo moral, levando direto a um estado de condenação irreversível, ainda que sendo usado, pode em si, fazer escolhas e se a faz na ignorância, maior Possibilidade de erro, suas consequências não fogem a realidade da vida.
A grande pergunta é: É a ignorância uma benção? Pode ser, depende da compreensão de quem vê, mas me atrevo a alistar alguns motivos pelos quais a ignorância não pode ser uma benção:
1 – A ignorância oprime – Milhares de pessoas ao redor do mundo são oprimidas por não conhecerem de fato seus direitos, por não compreenderem sua existência, e por não saberem conscientemente o que vem a ser vida, na essência da palavra, são escravas de sistemas injustos e totalitários e se sujeitam por entenderem que realmente são inferiores àqueles que detém o conhecimento.
2 – A ignorância aliena – A pessoas sem consciência de si, vivem uma vida medíocre, subjugando suas faculdades mentais a um estado de inércia do pensamento, vivem como animais, que buscam de modo instintivo atender suas necessidades mais primárias como comer, procriar, sobreviver. Não produzem nada. Vivem e não descobrem o que são nem a que vieram. Estão entregues ao ócio e ao vício. Em putrefação da alma.
3 – A ignorância mata – quando ignorantes as pessoas não podem correr atrás de seus direitos, não o fazem valer, e gritam e não são ouvidos pela sociedade, pessoas ignorantes vendem o seu direito, para mendigá-los depois aos sistemas políticos corruptos que dirigem as sociedades constituídas. Concomitantemente a isso são vítimas do descaso que as autoridades eleitas por eles fazem da sua existência. Trocam seu voto por comida, emprego, todos direitos seus que são vendidos ou trocados como favores.
4 – A ignorância fomenta sociedades injustas – A ignorância de um povo é seu maior algoz, quanto mais ignorante a sociedade mais injusta ela se torna. A educação tira o homem do estado de animal irracional e o eleva a condição de homem, o homem polido é alguém que conhece a sua existência e sabe qual sua finalidade, como seres humanos devemos produzir para que a sociedade seja mais justa e igualitária, mas ao contrário disso a ignorância leva a sociedade a violência, e as desigualdades transformando as pessoas em pedaços de carne, ou objetos que podem ser desprezados ao bel-prazer de alguns poucos.
A ignorância não é uma benção para ninguém, é um câncer na sociedade e destrói a vida das pessoas fazendo delas pessoas infelizes, que mendigam momentos de prazer, que terminam em violência, por exemplo, o comportamento de torcedores violentos em estádios de futebol. Vão ao estádio e colocam sobre seu time, suas frustrações, seus fracassos, e quando e aproveitam para expressarem a violência a que são submetidos pelos sistemas políticos constituídos e corrompidos por homens e mulheres inescrupulosos. Se todos refletirem a respeito do mal que a ignorância traz, verão que certamente a ignorância não é uma benção, e sim uma maldição.


segunda-feira, 2 de junho de 2014

TEOLOGIA DA FAMÍLIA


"E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele".
Gênesis 2:18

INTRODUÇÃO
Tudo que Deus pensa e faz é perfeito, quando Deus criou o homem o criou perfeito, sem mácula, sem defeitos, porém não encontrou no homem, no seu projeto original uma condição solitária para o homem, é fato, dito por todas as ciências que o homem é um animal social, criado para a vida em sociedade, algo que para nós não vem a ser nenhuma novidade, pois, a bíblia no texto mencionado já fala isso. As pessoas falam sobre família, vivem em família e as vezes passam anos sem compreender a essência do propósito de Deus na formação da família. Para que tenhamos famílias sadias, maduras espiritualmente, é necessário compreender o projeto teológico de Deus para a construção do núcleo familiar.
I - A NECESSIDADE DE COMUNHÃO ENTRE OS ENTES - A família deve viver em comunhão, pois foi constituída para compartilhar o viver cotidiano entre seus membros, a vida sem existência da família seria uma vida fria, onde não haveria o amor fraternal. A sociedade é um reflexo da família, se temos famílias bem estruturadas teremos uma sociedade sólida e bem estruturada. A família é a primeira experiência de convivência social do ser humano, e Deus não fez isso a toa.
II – IDENTIDADE COLETIVA DA FAMÍLIA. Antigamente, quando alguém perguntava filho de quem você era, as pessoas já presumiam a partir de seus progenitores que tipo de pessoa você seria. A família dava a identidade do indivíduo na sociedade, a família a qual o indivíduo pertencia, já identificava as qualidades do sujeito. Você não pode negar seus pais, pois eles deram origem a sua existência, existe um mandamento especial de Deus para que os filhos cumpram em relação aos seus pais. “honra teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem seus dias na terra”. Sua família identifica quem você é e de onde você veio. 
III – O COMPROMETIMENTO COM A SUA ESSÊNCIA - Deus deu poder ao homem de gerar vida, Deus não fica mais criando homens, pois se assim fosse ninguém herdaria o pecado de Adão, somos produtos dos nossos pais, não possuímos só características físicas de nossos pais, como também herdamos traços de sua personalidade, Deus criou um ser e deu a este a capacidade de se reproduzir, desta forma os pais são responsáveis não só pelo corpo, como também pela alma humana, embora, sejamos seres autônomos, não estamos desconectados de nossos progenitores. A nossa essência é a mesma de nossos pais. Quando Deus nos olha não despreza a herança genealógica (Genética). 
IV – O PROPÓSITO DIVINO DO CONTEXTO ESPIRITUAL. - É da família a responsabilidade do primeiro contato com as coisas de Deus, a responsabilidade da construção da consciência cristã e de uma educação com elemento espiritual é da família, e isso tem início no seio familiar. É uma determinação divina que os pais trabalhem a educação religiosa com seus filhos e fale de Deus e da sua palavra em todo o desenvolver da sua educação (Deuteronômio 6:7). Famílias desequilibradas produzem uma sociedade desestruturada, pais que não falam de Deus, que entregam a educação de seus filhos a outros, não cumprem o propósito divino do contexto espiritual de Deus. Diria sem medo de errar que todo propósito divino de Deus para a família se resume nisso, criar cidadãos de bem, tementes a Deus, firmados em Cristo. Quando negligenciamos isso, negligenciamos o propósito de Deus para nossa existência. 
CONCLUSÃO - A família não se limita ao entendimento humano de criar filhos para o mundo, ela vai muito além, ela faz parte da relação de Deus para com o homem e o mesmo acontece na direção contrária, negligenciar a teologia da família é negligenciar os propósitos de Deus para a o ser humano, é estar presente no campo, mas sem jogar em equipe, na teologia da família é necessário comunhão, na essência da palavra, é preciso, desenvolver uma identidade coletiva no seio familiar, é viver o comprometimento com sua essência, é alimentar e cumprir o propósito divino do contexto espiritual do ser humano.
Pr. Emerson Brasiliano Silva