As relações humanas e a sua
própria existência são muito complexas, isto porque o homem enquanto espécie
não pode agir sem pensar, sendo levado apenas pelo impulso sem levar em conta
as conseqüências de suas escolhas. Sua convivência em sociedade é igualmente
complexa, pois existem padrões naturais intrínsecos no ser que o fazem refletir
e lhe causam sentimentos de contrariedade quando da ameaça da preservação da
espécie.
Essa complexidade se dá porque
diferentemente dos outros animais o homem tem a noção de si próprio, ou seja, é
capaz de conjugar o verbo ser na primeira pessoa do singular, é capaz de
compreender, de analisar os atos humanos decorrentes da relação social e emitir
juízo de valor sobre tais ações. Tal juízo pode em muitos casos trazer sobre si
um gama de conflitos de ordem sentimental, pois em crise de sentimentos, é
vítima de uma perturbação mental que o faz na maioria das vezes tomar atitudes
que não gostaria de ter tomado.
A superioridade do homem em
relação aos outros seres viventes sobre a terra se dá exatamente por essa
capacidade moral de interpretar a vida e suas vertentes. Tomar decisões em
relação à observação do entorno e entender as conseqüências de seus atos. Isso
pode ser amplamente observado no decorrer da história da humanidade através do
crescimento e desenvolvimento do pensamento filosófico. Do teológico, das
ciências de cunho emocional e comportamental do ser humano, nas ciências
sociais, as ciências jurídicas, todas de cunho reflexivos dos atos e fatos
humanos.
A Filosofia é sem dúvida a mãe de
todas as ciências embora Tomás de Aquino, se não me engano, a subjugasse à Teologia, a segunda teve sua
existência evidenciada através de um filósofo (Platão) como campo da filosofia
a estudar a relação da divindade e sua relação com os homens e o universo. Da primeira descendem todas as outras, exatas
ou não. Ela é a primeira ciência a admitir a metafísica, a existência de algo
mais que simplesmente a breve vida terrena e questionar os motivos dessa
existência.
Nas relações humanas essa
complexidade se alastra como raízes de uma árvore que se espalha sob a terra,
não podem ser observadas superficialmente, pois estão abaixo da superfície
fincando suas bases no profundo da terra, assim é a questão da moral humana,
finca suas bases no íntimo do indivíduo e vai se refletindo através das
relações sociais. Podemos crer que o homem não estava preparado para o uso de
tais atributos morais, pois na incapacidade de compreender tal complexidade
trouxe para si o mau, que perverte sua natureza e o leva ao mau uso constante
de suas faculdades mentais.
Embora os capítulos iniciais do
livro de Gênesis sejam interpretados como contos poéticos, refletem com extrema
verdade o despreparo da alma humana para receber, tão profundo conhecimento do
bem e do mal e o uso da habilidade de pensar concedida pelo criador a partir de
seus próprios atributos. Tal poder parece corromper o fraco indivíduo humano,
podendo inclusive levá-lo a loucura.
Mire-se o exemplo de Adolf
Ritler, que em busca de uma raça pura, condenou a morte e as mais terríveis
torturas, seres humanos inocentes, que como todos mereciam o direito a vida. O
resultado de muitas de suas torturas por outro lado, trouxe grande avanço a
medicina moderna no conhecimento do corpo humano.
Frederich Nietsch, um grande
filósofo da modernidade que chegou a loucura depois de pretensiosamente
declarar a morte de Deus. Acabou seus dias enfermo e morrendo solitário e
desprezado por seu grande amor.
Lenin que sob o pretexto de
igualdade social subjugou os russos a miséria coletiva, nivelando por baixo o
padrão de vida de todos os cidadãos soviéticos, impedindo-os de tomar suas
próprias decisões e fazer e viver sob a mão pesada do estado. Assim como
acontece em cuba e na china, na verdade uma pequena minoria detém todo o poder
e a grande massa passa necessidade. Tudo sob desculpa do bem comum.
A história revela também que na
pretensão de se fazer o bem, nasce a corrupção do poder moral do homem, levando
a sociedade a evoluir com um câncer moral, que em pleno estágio de
desenvolvimento, leva-o a aniquilar a sociedade e recomeçá-la do zero,
tornando-a outra, ou se perder para sempre nos arquivos arqueológicos da
história, assim como Constantinopla, o grande império Romano, e outros.
A Grande pergunta é, estaria o
homem preparado para tal conhecimento? Tal poder pode ser dominado pelo homem,
no julgamento do valor do certo e errado? Quando o certo é errado? Quando o
errado é certo? Existe realmente uma subjetividade filosófica para a verdade?
Existe uma absoluta pureza moral no universo? Se existe onde encontrá-la? Quais
os parâmetros?
Maquiavel dizia que os fins
justificam os meios, frase que por sinal é muito mal interpretada por todos. E
aí nessa interpretação está a veiculação da complexidade desse fantástico mundo
moral, uns entendem que pode e devem fazer o que quiserem para alcançar seus
objetivos, e usam-na como justificativa, o que é sem dúvida um equívoco, outros
a criticam por entenderem que este é o propósito do entendimento do mesmo, mas
o fato é que se referia que o príncipe, o estado a autoridade governamental,
deveria fazer uso de seu poder pra preservar e garantir o bem comum ao povo.
Dizia que a história julgaria o resultado de suas atitudes, se o bem ou mal
feito seriam considerados no retrato da história um bem ou um mal maior. Não
falava de se locupletar, nem de corrupção, nem de injustiça social.
O fato é, tem o homem a
capacidade de entender o universo que o cerca e a capacidade julgar o que é
certo ou o que é realmente errado? Suas relações estão ligadas a reproduzir
socialmente a vivencia moral? Ou a vivência social e cultura determinam a moral
do homem?
Fica aí o questionamento, se
puder responder, responda se não, busque o parâmetro que rege a sua vida, mas
não se esqueça que a sua capacidade moral se assemelha a do criador e deveria
servir para aproximá-lo dele e não afastá-lo. A arrogância do conhecimento
humano o afasta de Deus. Mas a sua razão foi-lhe dada para se aproximar e
buscar a Ele, reflita qual a utilidade prática de sua capacidade moral?