Há algum tempo estava lendo uma
revista de surf e encontrei uma matéria que me chamou muito a atenção. Uma
Igreja voltada para o público gay, dirigida por dois pastores casados. Vi uma
grande gama de informações a respeito de testemunhos, cheios de fé de como
aquelas pessoas se aceitavam. Uma igreja para todos, lá não há como disseram
“acepção de pessoas”. Todos são bem vindos, principalmente, gays, lésbicas,
travestis, e etc., seu público-alvo. Todos portavam Bíblias, e chegavam
animados para o culto. Um dos Travestis tinha inclusive e bem destacado na
matéria uma Bíblia rosa com estudos para mulheres.
Diante de todo aquele texto me
veio uma estranha e não ilógica curiosidade: Que tipo de Bíblia eles usam? Pela
informação da matéria, percebi que um deles carregava uma bíblia trad. João
Ferreira de Almeida. Aí vem o que alguns colegas meus chamam de fé racional e
lógica. Se eles têm a Bíblia como regra de fé e prática, como podem continuar da
mesma forma que estão e manifestar adoração a Deus? É aceita tal adoração? Não
pude resistir, tinha que ponderar sobre o assunto, afinal, Como adorar um Deus
que proíbe suas práticas e requer que elas sejam abandonadas? Onde está a
coerência, ter um livro de regra de fé e prática que condena suas práticas,
onde está a utilidade da adoração? Será puro desconhecimento dos textos
Bíblicos? Será um erro de interpretação do texto Bíblico? Ou seria uma leitura
parcial e conveniente daquilo que prescreve o texto? Ou ainda uma cauterização
de suas mentes em busca de absolvição de suas almas para continuidade da vida?
Bem depois de muito ponderar,
analisar, buscar entender, cheguei a algumas conclusões:
Primeiro sobre o termo Igreja, o
mesmo vem da palavra grega ekklesia que quer dizer no seu sentido primário,
assembléia, reunião pública muito usada no sistema democrático grego, onde as
cidades-países diante de questões que envolviam o interesse comum convocavam
toda a população para fora de suas casas para debater os assuntos e tomarem
decisões. Diante do exposto não há problema usar o termo igreja. Mas Igreja de
Cristo? Bem isso é difícil de conceber, pois, a igreja de Cristo tem o dever de
combater o pecado do seu meio e não conviver com ele, o pecado.
Segundo sobre a Bíblia, deduzo ser
feita uma leitura parcial do texto bíblico, onde ficam de fora todas as menções
de pecados de homossexualismo, desprezando totalmente o antigo testamento e as
leis constantes do Pentateuco, pulando é claro a carta de Paulo aos Romanos e
aos Coríntios e desprezando alguns capítulos de Apocalipse e o comportamento
ético cristão pregado por Jesus no sermão da montanha. Ora do que estou
falando? Vejamos:
22 Não te deitarás com um
homem, como se fosse mulher; é abominação.
25 E eu castigo o pecado da
terra porque está contaminada, e a terra vomita seus habitantes. (Levítico
18.22 e 25)
26 Por isso, Deus os
entregou a paixões desonrosas. Porque até as suas mulheres substituíram as
relações sexuais naturais pelo que é contrário à natureza.
27 Os homens, da mesma
maneira, abandonando as relações naturais com a mulher, arderam em desejo
sensual uns pelos outros, homem com homem, cometendo indecência e recebendo em
si mesmos a devida recompensa do seu erro.
28 Assim, por haver
rejeitado o conhecimento de Deus, foram entregues pelo próprio Deus a uma
mentalidade condenável para fazerem coisas que não convêm;
29 cheios de toda forma de
injustiça, malícia, cobiça, maldade, inveja, homicídio, discórdia, engano,
depravação; sendo intrometidos,
30 caluniadores, inimigos de
Deus, insolentes, orgulhosos, arrogantes, inventores de males, desobedientes
aos pais;
31 insensatos, indignos de
confiança, sem afeto natural, sem misericórdia;
32 os quais, conhecendo bem
o decreto de Deus, que declara dignos de morte os que praticam essas coisas,
não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam.
(Romanos 1.26 -32)
Creio que os textos acima
apresentados já sejam o bastante para que se entenda que existe uma leitura
parcial do texto e não dele como todo, ao que entendo tal prática como advinda
de mentes buscando em sua consciência sua própria absolvição (o que o apóstolo
Paulo chama de cauterização das mentes), ou interpretam a Igreja de Cristo como
uma instituição social comum que os descriminada, da qual querem fazer parte,
como de partidos políticos, e outros grupos sociais. Neste ponto prestam uma
adoração que a julgar pela ignorância na interpretação do texto, seja por
desprezar seu conteúdo ou por excluí-lo, vazia, incoerente e infundada. Seja
como for, a despeito de minha compreensão teológica da Bíblia, o texto não
deixa dúvidas que se trata de uma manipulação equivocada e pervertida do texto
bíblico.
Terceiro o Senhor Jesus, realmente Jesus não
fazia acepção de pessoas, ele dava oportunidade a todos de se arrependerem dos
seus pecados e os tirava da condição de condenação dando-lhes a salvação de
Deus. Mas Jesus jamais concordou ou admitiu que aqueles que recebessem a benção
da salvação continuassem no pecado. Há um grande equívoco das pessoas ao
entenderem a pessoa de Jesus, normalmente elas desatrelam sua misericórdia e
generosidade de sua justiça. A bondade de Deus e sua generosidade em Cristo não
desprezam a sua justiça. Deus ama incondicionalmente o pecador, mas é justo
juiz. Uma vez que é dado oportunidade para que todos se arrependam Ele se faz o
justo juiz e retribui cada um conforme sua escolha. Cristo abomina o pecado e
sempre no final de sua sentença está a frase “vá e não peques mais”, ou seja, o
arrependimento requer que o pecador abandone o pecado e que não que permaneça
nele. Poderia trabalhar o texto de Romanos 6 mas estenderia demais esse e não
seria lido. Mas deixo os Quatro primeiros versículos.
1 Que diremos, então?
Permaneceremos no pecado para que a graça se destaque?
2 De modo nenhum. Nós, que
morremos para o pecado, como ainda viveremos nele?
3 Ou ignorais que todos nós,
que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte?
4 Portanto, fomos sepultados
com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os
mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.
Quarto e último lugar para não
me estender mais, embora muitas outras conclusões inundem meu senso-crítico,
resolvo parar por aqui. Gostaria de lembrar que o pecado embora presente na
sociedade, não tem sua condição condenatória ligada à cultura. Pecado é pecado
e sempre vai ser pecado e nunca vai deixar a sua condição de condenação,
independente de que a cultura de um povo possa aceitá-lo como prática comum. O
pecado tem sempre um fim trágico, que leva o indivíduo para morte, seja ela, imediata
ou longo prazo. O pecado produz sempre efeitos desastrosos na condição de vida
do indivíduo, levando-o sempre a sucumbir diante do dele. Um exemplo fictício
disso pode ser encontrado no retrato de Dorian Gray1. Na prática
podemos levar em consideração o adultério, que pode levar a morte (homicídio ou
suicídio), a degeneração familiar (o fim da família), às doenças psíquicas
(Desequilíbrio psicológico), e deformação de caráter da prole (Influência na
educação e formação do caráter dos filhos). O próprio homossexualismo que via
de regra é caracterizado pela a troca constante de parceiros – pessoas
homossexuais dificilmente estabelecem relações duradouras –. São normalmente
vítimas de doenças graves (Segundo a OMS, os homossexuais possuem 20 vezes mais
chances de contrair o Vírus da AIDS2), e possuem em si um senso de
rejeição interior que o fazem buscar a tal absolvição da consciência.
Diante do exposto posso
concluir, embora pudesse escrever umas quinze ou vinte laudas sobre o assunto,
que ou existe uma fé ignorante, que desconhece ou ignora o livro que usa como
regra de fé e prática, que é fonte do cristianismo, ou existe uma incoerência
conveniente. Ou seja, uma incoerência porque a prática de vida é contrária ao
discurso. Só se atém a leitura daquilo que lhe é favorável. Seja como for Deus
é Deus e os seus preceitos não mudam e nem passam com o tempo, e uma Igreja
Cristã Gay é um paradoxo ao próprio cristianismo.
Deus abençoe a Todos.
Pr. Emerson Silva
1 – O Retrato de Dorian Gray – Bilíngue. Wilde,
Oscar / LANDMARK
2 – http://exame.abril.com.br/economia/mundo/noticias/oms-homossexuais-tem-20-vezes-mais-probabilidades-de-contrair-hiv
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