segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

GREVE NÃO, DIGNIDADE SIM.


Não sou a favor da greve de militares, estes são responsáveis por manter a lei e ordem e oferecerem, mesmo que com suas limitações e muitas vezes, despreparo, a segurança a sociedade e não podem fazer greve. Acho correto o dispositivo legal que assinam quando entram para o serviço público que os impedem de exercerem o direito a greve. Não podem e não devem fazer greve.
Também sou contra o descaso das autoridades executivas, que ignoram a grande tarefa desses homens e mulheres que integram as forças de segurança do país, do estado, do município. Autoridades inescrupulosas que submetem essas pessoas que dedicam a sua vida a servir e proteger a sociedade e garantir o direto de ir e vir a condições subumanas de vida, recebendo uma remuneração vergonhosa e aflitiva à vida deles.
Não sou também a favor da greve de profissionais da saúde, pessoas das quais dependem o bem estar da população, a contenção de epidemias, e a dignidade do indivíduo que enquanto família é base fundamental do estado. Sou contra também o descaso do executivo que da mesma maneira os submetem a condições desfavoráveis de trabalho e os remuneram também de forma vergonhosa. Assim como a educação e outras áreas vitais da existência humana.
A unilateralidade da lei, que pune em conformidade com a mesma o profissional de segurança grevista, invalida sua validade no momento em que não oferece a esse mesmo profissional um dispositivo também legal que o dê o respaldo de lutar por seus direitos. A unilateralidade da lei a torna opressora, impende a democracia e a igualdade de direitos entre os homens.  Seja qual for, ou como for a opressão não perdura para sempre, o grande problema é que a opressão sempre desencadeia o caos.
A Lei deve sempre ser bilateral para cada dever deve ter um direito. O profissional de segurança tem o dever de não fazer greve, em contra partida deve existir o direito de garantir a sua sobrevivência com dignidade. De não expô-lo ao ridículo e um estado vexatório de sub-existência. Não sei se tal lei existe, não estou no campo do direito embora me encante por ele. Mas o fato é que esses homens trabalham oprimidos.
Para ilustrar a bilateralidade da lei quero citar as cidades refúgios dos hebreus e o vingador do sangue. Toda a pessoa que involuntariamente (acidente ou legítima defesa) tirasse a vida de alguém poderia se refugiar em uma dessas cidades e enquanto lá permanecesse o vingador do sangue (qualquer parente próximo da vítima) não poderia feri-lo. Mas se o que matou, estivesse fora do muro da cidade refúgio ou dentro da cidade o vingador do sangue tinha o direito de tirar-lhe a vida.  Se a morte fosse dolosa não havia cidade refúgio para o homicida, era sumariamente executado.
A bilateralidade da lei garante a ordem, o controle sobre o instinto animal que pode ser acordado na sociedade levando o homem as vias de fatos e fazendo uso de recursos não ortodoxo. Sou contra o vandalismo, a destruição de prédios públicos, os interesses políticos escusos. Mas também sou contra qualquer forma de opressão. Pois por mais pacíficos ou covardes que sejam os indivíduos de tanto serem oprimidos irão reagir, isso leva ao caos.
A democracia depende de uma relação harmônica entre direito e dever, se isso for quebrado leva a sociedade ao caos, a injustiça social, a opressão que é seguida de atos vandálicos e não é de interesse da sociedade.
A sociedade não pode se omitir diante disso, as pessoas devem se organizar e intervir junto ao legislativo (deputados, senadores, vereadores) para que esses obriguem o executivo a manter a dignidade desses homens, e lhes garantam um dispositivo legal, que não os oprima com salários de fome e miséria. Que lhes dêem uma remuneração justa e condizente com suas atividades.
A final quem vai entrar na frente de balas, quem vai entrar no mar revolto para resgatar vidas, que vai apagar os incêndios? Sou contra a greve, não acho a melhor solução para nada. Mas é preciso que estes que mantêm a ordem também tenham dispositivos legais para garantir sua sobrevivência e a de suas famílias, com dignidade e respeito a função que exercem diante da sociedade.
Deus abençoe a todos.

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