Há uma semana o Brasil vem se comovendo com o ocorrido com as vítimas da boate Kiss em Santa Maria no Rio Grande do Sul, nesta mesma semana temos visto uma grande mobilização das autoridades competentes para realizar grandes diligências para averiguar todas as casas noturnas, bares, teatros e outros locais que recebem grandes números de pessoas. Nesse tempo tenho refletido sobre responsabilidades e acho que a opinião pública está longe de olhar para os verdadeiros culpados da tragédia. É claro que o produtor que soltou um artefato pirotécnico dentro de um local fechado é um irresponsável, não é preciso ser muito inteligente pra perceber isso, é claro que os donos da boate também são responsáveis, pois com certeza usaram de algum subterfúgio para manter sua boate em funcionamento, pois não acredito que um lugar que recebe uma multidão possa ter apenas uma porta de entrada e de saída, mas acho que o grande responsável pelos 236, 236, 236, 236 MORTOS até agora, é o poder público, o poder público é reconhecidamente negligente e incapaz de cumprir a sua função na sociedade, além da corrupção que assola esse país, o descaso das autoridades em cumprir o seu dever é ponto pacífico, todos concordam, e quem é vitimada é a sociedade que apática aceita que se faça da mesma um motivo de chacota e de descaso. Precisou que 236 pessoas, seres humanos, filhos, maridos, esposas, trabalhadores, pessoas de bem, morressem para que as autoridades fizessem o que deveriam ter feito bem antes, para que casos como esses fossem evitados e todas aquelas, mães, esposas, irmãos e irmãs tivessem seus entes queridos próximos a sí.
Se o poder público tivesse cumprido o seu dever, todas aquelas famílias não teriam que chorar seus mortos, não precisaríamos de uma grande comoção e mobilização internacional para atender feridos, no nosso deficitário e podre sistema de saúde. Para infelicidade geral da nação o poder público brasileiro só reage quando as coisas ficam incontroláveis, todos os olhares estão voltados para essa tragédia, que logo cairá no ostracismo e as autoridades competentes retornarão a sua inércia, assim como o grande aparato bélico utilizado para conquista de territórios controlados pelo tráfico de drogas no Rio de Janeiro, a internação compulsória de usuários de CRACK, no Rio e em São Paulo, grande número de viciados que se proliferaram, a luz do dia nos centros das grandes cidades, diante dos olhos apáticos das autoridades públicas de saúde e segurança. Cansei de ver jovens morrerem nessas férias pelo descaso com a saúde pública em várias capitais e cidades do País, só se falava da falência do sistema público de saúde, e as providência tomadas, depois que pessoas inocentes, cidadãos brasileiros que pagam seus impostos e são oprimidos por um sistema corrupto e irresponsável viam seus filhos morrerem pelos descaso das autoridades de saúde pública do país, que via de regra sempre encontra um bode expiatório.
O mais interessante de tudo isso é quando essa comoção acabar, quando passar essa onda de sensacionalismo da mídia, tudo volta ao ostracismo, todos estes fatos são varridos da memória coletiva da sociedade e ficam restritos àqueles que perderam seus entes queridos. Cito o caso do menino João Hélio, que foi comido pelo asfalto nas ruas do Rio de Janeiro, quando sua mãe foi vítima de uma assalto e teve seu carro roubado, e o menino ficou preso no sinto de segurança do carro, do taxista que enquanto trabalhava abriu espaço para a polícia que confundiu a alguns metros de si o carro de sua esposa e metralhou vitimando a sua esposa e seu bebê. A menina que foi baleada na saída do metrô e teve sua vida ceifada aos 12 anos de idade, a pobre Isabela Nardoni que foi vitimada pelo próprio pai, os jovens que foram chacinados nas comunidades que moravam por atravessar um território que deveria ser do Exército Brasileiro e por causa de Ongs e ambientalistas estava entregue ao tráfico de drogas. Isso é Brasil, essa é a realidade, chega o carnaval e todos esquecem as desgraças da vida e o poder público volta a sua inércia até que venha a próxima tragédia, até que muitos morram, e depois de um tempo fiquem restrito a memória de seus entes queridos. Porque no Brasil, só se coloca "ferrolho em porta arrombada", depois que o "ladrão" invade, mata, e ceifa tudo que pode, e deixa a porta arrombada, depois de perder se coloca o "ferrolho", depois se esquecem de fecha-lo. Depois tudo fica no esquecimento e a memória coletiva é apagada, então só nos resta rogar a Deus que não sejamos nós a próxima vítima, da próxima atrocidade, que por causa do descaso das autoridades, visita a memória coletiva e cai nos ostracismo popular.
Que Deus nos abençoe.
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