No dia 10 de junho de 2009,
passei por um momento em que pensei não estaria mais neste mundo, foi um
momento aflitivo, pois para mim era o último, talvez fosse o momento de partir
deste mundo e me encontrar com o mestre. Algumas pessoas dizem que diante da
morte você vê passar toda a sua vida, não sei se isto é uma realidade, mas sei
que pelo menos algo que você mais ama inundará o seu pensamento. A experiência
que desejo relatar me fez rever os meus valores, e mudar algumas atitudes, me
fez dar mais valor aquilo que importa e menos as outras coisas, ainda sou uma
pessoa muito ativa com vários compromissos, mas com certeza, hoje, as coisas
que tem valor são outras.
Embora seja uma pessoa
extremamente religiosa – não poderia ser diferente sou um pastor por vocação e
não por profissão – também tenho sonhos e expectativas de futuro que não
considero erradas, afinal todo mundo quer e merece um pouco de conforto, comigo
não foi diferente até que me deparei com algo que saiu do meu controle.
Tudo começou no dia 9, fui para o
Rio de Janeiro a noite, tinha um palestra pela empresa que trabalho no dia
seguinte, como era cedo pedi para dormir no apartamento do meu pai onde moram
meus irmãos, quando foi mais ou menos 19:30 ou 20h, peguei a via lagos, como de
costume queria chegar logo, estava cansado, então pisei bastante, tinha um
carro potente, novo, estava testando constantemente os seus limites – respeite os
limites de velocidade, eles servem para mantê-lo em segurança e também para que
os outros não sejam vitimados por sua irresponsabilidade – já na estrada
observava um caminhão a minha frente, depois de algum tempo continuava a ver
aquele caminhão a uma certa distância – só que na realidade não estava vendo –
quando dei por mim senti o carro trepidar, estava na faixa da esquerda pulando
em cima dos tachões que dividem a pista do meio da via lagos, acordei, trouxe o
carro de volta e o caminhão que estava a certa distância estava em cima, freei,
logo a frente – pode parecer estranho alguém sonhar com o que está vendo,
alguns não conseguiriam explicar, mas com certeza Deus estava cuidando de mim –
por prudência, parei num shopping a frente, lavei o rosto, descansei um pouco,
tomei um café, sentei olhei as pessoas, depois, retornei para o carro e segui
viagem, já era quase 22h quando consegui parar o carro no estacionamento.
Conversei um pouco com meu irmão mais velho e fomos dormir, estava incomodado sentia
um desconforto no peito que ia até as costa, mas achei que era cansaço da
viagem, então não esquentei a cabeça e nem comentei nada com ele.
No dia seguinte sai, tomei café
com meu irmão me despedi dele, pois não iria voltar mais, e fui para o meu
compromisso, estava sentindo um leve aumento de desconforto, peguei o metrô e
foi para Copacabana onde ocorreria a reunião, sentei na palestra da manhã,
assisti-a toda e estava com desconforto, a cadeira era muito desconfortável,
paramos para o coffee-break, fui ao banheiro e a dor começava a apertar então
agachei-me num canto, um rapaz viu e me perguntou se eu estava passando mal,
falei para ele que estava com a dor forte no peito, me perguntou se estava com
alguém e falei que estava com o gerente da empresa, ele perguntou o nome e
quase não consegui falar, encontrei com ele perto do elevador e pedi ajuda, ele
ficou parado, branco pois falei da dor e da dificuldade de respirar, e segundo
ele foi um dos momentos mais angustiantes de sua vida pois pensou que ida ter
que voltar e dar a notícia para minha família da minha morte. Encontramos o
pessoal de Brasília e ele sem ação ouvia as pessoas falarem, procuraram uma
enfermaria e o hotel a pesar de estar na avenida Atlântica e ser cinco estrelas
de uma rede internacional não tinha, chamaram o SAMU que nunca chegou, a galera
de Brasília se moveu pra me ajudar, me levaram para o quarto deles, a dor
aumentava, um deles ficou comigo enquanto o outro desceu para palestra para
buscar um médico, o tempo passava, meu braço estava dormente, eu já não
conseguia respirar, o cara estava desesperado, então falou que a única coisa
que poderia fazer era orar, e orou comigo, enquanto ele orava, eu olhei pela
janela e vi uma das vistas que mais aprecio em minha existência, o mar, que
debaixo de um sol límpido exuberava,
achei que partiria, então pedia a Deus que se fosse me levar, cuidasse dos meus
filhos, principalmente do caçula que tinha 5 anos, e era muito ligado comigo,
depois de vinte longos minutos – se estivesse realmente enfartando, estaria
morto - chegou a ambulância, o médico
pensava que eu estava enfartando, colocou-me dentro da ambulância e fez um
eletro, constatou que não era um enfarto e me aplicou uma poderosa medicação intravenosa,
que ardia como fogo queimando a mesma,
que nem senti muito pois, a dor era imensurável, tinha uma lesão na coluna,
atrás do pulmão então guando o enchia de ar o comprimia, só voltei a
consciência e percebi o que acontecia quando a medicação passou a fazer efeito,
todo esse tempo estava “fora de mim”, consciente, mas inconsciente, via, ouvia,
mas estava alheio a tudo, mas sei que aquela oração me ajudou muito, a partir
dali comecei a desfazer todo estrago relacional que vinha fazendo com as
pessoas que amo, não sei se Deus resolveu não me levar naquele momento, mas sei
que quando sai dali, passei a ver a vida de uma maneira muito diferente, por
isso digo que tive uma experiência quase extra corpórea, pois minha consciência
estava inconsciente. Hoje vivo cada minuto pela misericórdia de Deus,
agradecendo estar perto das pessoas que amo. Por isso digo, ame a vida, ame as
pessoas, ame a Cristo, pois a única coisa que importa nessa vida é estar
debaixo da graça inaudita do poderoso Deus.
Deus abençoe a todos.
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